A Campana
vai trazer 01 a 25 de julho de 2019, a memória histórica escrita por várias
mãos de 25 mulheres que se destacaram nas questões raciais e na luta pela
igualdade de direitos. A cada dia o Núcleo de Igualdade Racial do Grupo
Mulheres do Brasil irá soltar um Post com uma dessas 25 mulheres mais votadas
no Núcleo. Pois somos muitas espalhadas na América Latina. Aqui estão algumas
referências, mas você pode buscar mais a partir do nome destas
companheiras.
Vai um pouquinho da Caminhada de Mãe Menininha do Cantois e pode aprofundar que tem muito mais história para conhecermos.
Mãe
Menininha do Gantois
Biografia
Vida pessoal
Morte
Homenagens
Já raiou o dia
A passarela vai se transformar
Num cenário de magia
Lembrando a velha Bahia
E o famoso Gantois
Arerê, arerá
Candomblé vem da Bahia
Onde baixam os orixás
Oh, meu pai Ogum na sua fé
Saravá Nanã e Oxumaré
Xangô, Oxossi
Oxalá e Yemanjá
Filha de Oxum
Pra nos ajudar
Vem nos dar axé
Com os erês dos orixás
Refrão
Oh, minha mãe
Menininha
Vem ver, como toda cidade
Canta em seu louvor com a Mocidade
A agremiação ficou em terceiro lugar e Mãe Menininha, apesar da idade, se fez presente e ajudou com o "pedido" de licença para realização do enredo, junto aos Orixás.[12]
Preconceito
Bibliografia
Ver também
Referências
Vai um pouquinho da Caminhada de Mãe Menininha do Cantois e pode aprofundar que tem muito mais história para conhecermos.
Mãe
Menininha do Gantois
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nome completo
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Maria Escolástica da Conceição Nazaré
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Nascimento
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Morte
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13 de agosto de 1986 (92 anos)
Salvador, Bahia |
Nacionalidade
|
Maria Escolástica da
Conceição Nazaré, conhecida como Mãe
Menininha do Gantois (Salvador, Bahia, 10 de fevereiro de 1894 – 13 de agosto de 1986),
foi uma Iyálorixá (mãe-de-santo)
brasileira, filha de Oxum. É a mais famosa
ialorixá da Bahia e uma das mais admiradas
mães-de-santo do país.[1] Foi empossada como ialorixá aos 28 anos, em 18 de fevereiro de 1922.[2]
Biografia
Maria Escolástica nasceu em Salvador, em 1894, no dia de Santa Escolástica,
na Rua da Assembléia, entre a Rua do Tira Chapéu e a Rua da Ajuda, no Centro
Histórico de Salvador, tendo como pais Joaquim e Maria da Glória
Nazareth. Descendente de escravizados africanos, ainda criança foi escolhida para
ser Iyálorixá (mãe-de-santo) do terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê,
fundado em 1849 por sua bisavó, Maria Júlia
da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.
Foi apelidada de Menininha,
talvez por seu aspecto franzino:
“
|
”
|
Foi iniciada no culto dos orixás de Keto aos 8 anos de idade por sua tia-avó
e madrinha de batismo, Pulchéria Maria
da Conceição (Mãe Pulchéria),
chamada Kekerê - em referência à sua posição
hierárquica, Iyá kekerê (Mãe pequena).[4] Menininha seria sua sucessora na função de
Iyalorixá do Gantois. Com a morte repentina de Mãe Pulchéria, em 1918,
o processo de sucessão foi acelerado. Por um curto período, enquanto a jovem se
preparava para assumir o cargo, sua mãe biológica, Maria da Glória
Nazareth, permaneceu à frente do Gantois.[3]
Foi a quarta Iyálorixá do Terreiro do Gantois e
a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras. Sucessora de sua
mãe, Maria da Glória
Nazareth, foi sucedida por sua filha, Mãe Cleusa Millet,
que morreu em 16 de outubro de 1998.[5]
“
|
Minha avó, minha tia e
os chefes da casa diziam que eu tinha que servir. Eu não podia dizer que não,
mas tinha um medo horroroso da missão (...): passar a vida inteira ouvindo
relatos de aflições e ter que ficar calada, guardar tudo para mim, procurar a
meditação dos encantados para acabar com o sofrimento.[6]
|
”
|
O terreiro, que inicialmente funcionava
na Barroquinha,
na zona central de Salvador, foi posteriormente, transferido para o bairro da
Federação onde hoje é o Ilê Axé Iyá
Nassô Oká, na Avenida Vasco da Gama,
do qual Maria Júlia da Conceição Nazaré sua avó também fazia parte. Com o
falecimento da iyalorixá da Casa Branca Iyá Nassô, sucedeu Iyá Marcelina da Silva Oba
Tossi. Após a morte desta, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo,
disputaram a chefia do candomblé, cabendo à Maria Júlia
Figueiredo que era a substituta legal (Iyakekerê) tomar a posse como Mãe do Terreiro.[3][4]
Maria Júlia da Conceição afastou-se com as
demais dissidentes e fundaram outra Ilé Axé, o (Terreiro do Gantois),
instalando-se em terreno arrendado aos Gantois - família de traficantes de
escravos e proprietários de terras de origem belga -
pelo cônjuge de Maria Júlia, o negro alforriado Francisco Nazareth de Eta.[7] Situado num lugar alto e cercado por um bosque, o
local de difícil acesso era bem conveniente numa época em que o candomblé era perseguido pelas forças da
ordem. Geralmente, os rituais terminavam subitamente com a chegada da polícia.[8]Em 1922, através do jogo de búzios, os orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluaiyê confirmaram a escolha de
Menininha, então com 28 anos. Em 18 de fevereirodaquele ano, ela assume
definitivamente o terreiro.
“
|
”
|
A partir da década de 1930, a perseguição ao candomblé vai
arrefecendo, mas uma Lei de Jogos e Costumes, condicionava a realização de
rituais à autorização policial, além de limitar o horário de término dos cultos
às 22 horas. Mãe Menininha foi uma das principais articuladoras do término das
restrições e proibições. "Isso é uma tradição ancestral,
doutor", ponderava a iyalorixá diante do chefe da Delegacia de Jogos e
Costumes. "Venha dar uma olhadinha o senhor também."[4]
Mãe Menininha abriu as portas do Gantois
aos brancos e católicos - uma
abertura que, em muitos terreiros, ainda é vista com certo estranhamento. Mas
afinal, a Lei de Jogos e Costumes foi extinta em meados dos anos 1970. "Como um bispo
progressista na Igreja Católica,
Menininha modernizou o candomblé sem permitir que ele se transformasse num
espetáculo para turistas", analisa o professor Cid Teixeira, da Universidade
Federal da Bahia.[4]
Nunca deixou de assistir à missa e
até convenceu os bispos da Bahia a
permitir a entrada nas igrejas de mulheres, inclusive ela, vestidas com as
roupas tradicionais do candomblé.[9]
Vida pessoal
Aos 29 anos, Menininha casou-se com o
advogado Álvaro
MacDowell de Oliveira, descendente de escoceses. Com ele teve duas filhas, Cleusa e Carmem.[5]
“
|
Meu marido, quando me
conheceu, sabia que eu era do candomblé… A gente viveu em paz porque ele
passou a gostar de Candomblé. Mas, quando fui feita Iyalorixá, passamos a
morar separados. No meu terreiro, eu e minhas filhas. Marido não. Elas
nasceram aqui mesmo”.[10]
|
”
|
Em uma entrevista à revista IstoÉ, mãe Carmem conta que ela adorava
assistir telenovelas, sendo que
uma de suas preferidas teria sido Selva de Pedra.[11] Era colecionadora de peças de porcelana, louça e de cristais, que guardava muito zelo. Não
bebia Coca-Cola, pois certa vez lhe disseram que a
bebida servia para desentupir os ralos de pias,
e ela temia que a ingestão da bebida fizesse efeito análogo em si.[11]
Morte
Mãe Menininha morreu em Salvador, em 13 de agosto de 1986,
de causas naturais, aos 92 anos de idade.[1][2]
Homenagens
O terreiro está localizado na rua Mãe
Menininha do Gantois (antiga rua da Boa Vista, renomeada em 1986),[6] no Alto do Gantois, bairro da Federação,
em Salvador. Após
a sua morte, seus filhos deixaram seu quarto intacto, com seus objetos de uso
pessoal e ritualísticos. O aposento foi transformado no Memorial Mãe Menininha
e é uma das grandes atrações do Gantois.
Mãe Menininha, aos 8 anos de idade.
“
|
Ederaldo Gentil e
Anísio Félix.
"In-Lê-In-Lá", 1976
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá, Oilá
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá
Os candomblés estão batendo, foguetes
explodem no ar
Em louvor a Menininha, senhora, mãe e rainha do Gantois Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá (3x) Ôôô, ÔôÔôôÔô, salve mamãe Oxum, salve meu pai Xangô (2x) Cinquentenário de batalhas, cinquentenário de fé Desde quando recebeu os poderes de Maria dos Prazeres Nazaré Sua vidência se alastrou, iaô iaô iaô ô (2x) Sacerdotisa de uma raça, rainha de uma nação, na luta na defesa dos descrentes, ela sempre estendeu suas mãos Hoje os candomblés estão batendo a seu nome venerar Ia-mi-mojubá, salve o seu axé, seu candomblé do Alto do Gantois (2x)
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá, Oilá
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá |
”
|
“
|
A beleza do mundo, hein
Tá no Gantois E a mãe da doçura, hein Tá no Gantois...
Dorival Caymmi. "Oração de Mãe
Menininha", 1972.
|
”
|
No ano de 1976, foi homenageada pela Escola
de Samba carioca Mocidade
Independente de Padre Miguel, com o enredo "Mãe Menininha do
Gantois", do carnavalesco Arlindo Rodrigues. O samba foi interpretado
pela cantora Elza Soares e o
puxador Ney Vianna:
Já raiou o dia
A passarela vai se transformar
Num cenário de magia
Lembrando a velha Bahia
E o famoso Gantois
Arerê, arerá
Candomblé vem da Bahia
Onde baixam os orixás
Oh, meu pai Ogum na sua fé
Saravá Nanã e Oxumaré
Xangô, Oxossi
Oxalá e Yemanjá
Filha de Oxum
Pra nos ajudar
Vem nos dar axé
Com os erês dos orixás
Refrão
Oh, minha mãe
Menininha
Vem ver, como toda cidade
Canta em seu louvor com a Mocidade
A agremiação ficou em terceiro lugar e Mãe Menininha, apesar da idade, se fez presente e ajudou com o "pedido" de licença para realização do enredo, junto aos Orixás.[12]
Há também uma homenagem à Mãe Menininha na
música "Bahia, minha preta" composta por Veloso e bastante ouvida na
voz de Gal Costa, parte do seu álbum "O Sorriso do Gato de Alice", de
1993. A música canta:
"(...) Te chamo de senhora Opô, afonjá
Eros, Dona Lina, Agostinho e Edgar Te chamo Menininha do Gantoise Candolina,
Marta, Didi, Dodô e Osmar na linha romântico (...)"
Preconceito
Em 10 de abril de 2013,
foi divulgado na internet polêmico vídeo em que o pastor e deputado Marco Feliciano,[13] então presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados, se referiu à Mãe Menininha do Gantois como "Mãe
Menininha do Patuá", a fim de dizer que o segredo de sucesso das músicas
do cantor e compositor Veloso, que é ateu, se devia, segundo teria dito o
próprio cantor, à prévia bênção da religiosa.[14]
Bibliografia
·
Silveira, Renato da, Candomblé
da Barroquinha, Editora: Maianga ISBN 8588543419
·
Herskovits, Melville
J., The Human Factor in Changing Africa, 1962
·
Verger, Pierre
Fatumbi. Dieux D'Afrique. Paul Hartmann, Paris (1ª
edição, 1954; 2ª edição, 1995). 400pp, 160 fotos em preto e branco, ISBN 2-909571-13-0.
·
Verger, Pierre
Fatumbi, Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns. 624pp,
fotos em preto e branco. Tradução: Carlos
Eugênio Marcondes de Moura EDUSP 1999 ISBN 85-314-0475-4
Ver também
Referências
1.
↑ «Morte de Mãe Menininha do Gantois completa 25 anos neste
sábado». G1.
Consultado em 22 de agosto de 2018
2.
↑ Pai
Rodney (ed.). «Mãe Menininha do Gantois e o poder dos terreiros».
Carta Capital. Consultado em
22 de agosto de 2018
4.
↑ Carneiro, Edison
(1961). Candomblés da Bahia. Bahia: Martins Fontes. p. 400. ISBN 9788578270018
5.
↑ CHRISTIANNE GONZÁLEZ,
ed. (16 de outubro de 1998). «Morre aos 67 sucessora de mãe Menininha».
Folha de São Paulo. Consultado em 22 de agosto de 2018
6.
↑ Nóbrega,
Cida; Echeverria, Regina (2006). Mãe Menininha do Gantois: uma biografia.
Rio de Janeiro: Ediouro. p. 279. ISBN 9788578270018
9.
↑ Oscar
Henrique Cardoso (ed.). «Mãe Menininha do Gantois, história de amor pelos orixás
e pela Bahia». Fundação Cultural Palmares. Consultado em 22 de agosto de 2018. Arquivado do original em 2 de agosto de 2007
12.
↑ Mocidade
Independente de Padre Miguel (ed.). «Mãe Menininha do Gantois». Galeria do Somba. Consultado em 22 de agosto de 2018
13.
↑ «Marco Feliciano ataca novamente: o alvo agora é Veloso».
Revista Rolling Stones.
Consultado em 22 de agosto de 2018
14.
↑ «Em novo vídeo, Feliciano insinua que Veloso fez pacto
com diabo». O Globo.
Consultado em 22 de agosto de 2018
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