terça-feira, 13 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher - Ato Publico

 8  DE MARÇO DE LUTAS 
 
Neste 8 de março, dia mundial de luta das mulheres, nós que fazemos a Articulação de Mulheres Brasileiras em cada canto deste país, vimos, nesta Nota Pública, dizer de   nossa firme disposição para  seguir  na  luta  feminista  antirracista,  em  favor  da  autonomia  e  da  liberdade  para  todas  as mulheres do nosso país e do mundo. Vivemos  um  contexto  de  criminalização  das  lutas  e de  ameaças  às  conquistas  dos movimentos sociais, e enfrentamos a reação conservadora contra os avanços e conquistas das mulheres. Nestes primeiros meses de 2012, denunciamos novos ataques à autonomia de nós, mulheres, e estamos resistindo  às  tentativas  de  mais  controle  do  Estado  sobre  nosso  corpo,  através  do  cadastro compulsório  de  controle  das  gestantes.  Nosso  direito  à  autodeterminação  reprodutiva  está ameaçado.  Queremos  a  revogação  da  MP  557  e  medidas  efetivas  para  garantir  a  saúde reprodutiva das mulheres e a redução da mortalidade materna.


 
A  exploração  de  nosso  corpo  cresce  na  propaganda  e  na  mídia.  A  violência  sexual  torna-se atrativo  de  programas  de  TV.  A  medicina  estética  segue  acumulando  seus  lucros  com  a manipulação do corpo das mulheres em função de um único padrão de beleza, racista e burguês.  Seguimos  sendo violentadas pelos homens, em períodos de paz e de guerra.     Nas cidades, nas florestas e no campo, no Brasil e no mundo, nas famílias, na rua, no trabalho, afirmamos: temos direito a uma vida sem violência. Temos direito ao nosso corpo.
 
Vivemos  um  contexto  de  desenvolvimento  predador  da  economia  capitalista,  que  avança  em formas  renovadas  de  exploração  do  meio  ambiente  e  das  pessoas,  destruindo  vidas  e mercantilizando  os  bens  comuns  da  natureza. Avançando  sobre  as  terras, mares,  rios,  fontes  e florestas,  concentrando  terras,  fortalecendo  os  monocultivos  e  escolhas  insustentáveis  de produção  de  energia,  como  os  combustíveis  fósseis.  Um  contexto  de  consumismo  cada  dia maior,  que  reduz  o  prazer  ao  ato  de  possuir,  que  torna  tudo  e  todas/os  descartáveis,  que empobrece  nossa  humanidade.  Lutamos  por  justiça  socioambiental.  Queremos  o  direito  a alimentos saudáveis, produzidos em relações de trabalho justas, em formas solidárias e cooperadas. Temos direito a ser gente e não objeto ou mercadoria.


 Vivemos um contexto de avanço das empresas privadas sobre os recursos públicos, e de retração dos  investimentos  sociais,  com  cortes  orçamentários.  Estados  são  empurrados  para  crises  pelo poder  do  capital  financeiro,  governos  tornam-se  reféns  da  dinâmica  das  bolsas  de  valores,  das políticas  cambiais.  Territórios  inteiros  de  povos  e  populações  são  destruídos  e  as  pessoas desalojadas  para  dar  lugar  a  empreendimentos  imobiliários,  hidrelétricas,  usinas,  fábricas.
 
Queremos  a  soberania  das  populações  sobre  o  futuro  de  seu  território.  Queremos  mais investimentos públicos em saúde pública, mais investimentos públicos em educação pública, mais investimentos  públicos  nas  políticas  públicas  de  proteção  social,  e  o  fim  de  isenção  fiscal  para empresas que violam os direitos trabalhistas, que agridem o meio ambiente, que discriminam as mulheres e superexploram nossa força de trabalho. 
 
Neste ano eleitoral, enfrentaremos mais uma vez a resistência de políticos de carreira e lideranças partidárias  ao  avanço da participação das mulheres na política, muitas vezes,  impondo  limites  à organização  das  mulheres  dentro  de  seus  próprios  partidos.  A  lei  de  cotas  eleitorais  não  é cumprida.  As  propostas  de  paridade  na  política  são  rechaçadas  no  Congresso  Nacional.  Os partidos  seguem  bloqueando  candidaturas  femininas  ou  manipulando  candidaturas  de  suas próprias militantes, no mais das vezes, sem compromisso efetivo com a eleição de mais mulheres. Seguimos sobrecarregadas com a dupla jornada, com menores salários e sem creches acessíveis, ou seja,  com  as  dificuldades  de  sempre  em  relação  ao  tempo  e  a  condições  de  trabalho  e  de participação política.   


 
Nas próximas eleições, antevemos os ataques que os fundamentalistas religiosos farão contra nossa liberdade, fazendo da problemática do aborto instrumento de chantagem e de pressão sobre as/os candidatas/os visando mais poder para grupos religiosos na política. Queremos um Estado  laico, regido  pelas  leis  criadas  pelos  homens  e mulheres,  sem  imposições  de  verdades  universais  de qualquer  religião  sobre  as  pessoas. Queremos  uma  cultura  política  libertária,  democrática,  sem preconceitos,  sem  ódios,  sem  a  criminalização  das  mulheres  acusadas  de  serem  'O'  mal. Queremos  debate  honesto,  com  base  em  informações  corretas  e  não  em  discursos  levianos  e conservadores,  que  humilham  as mulheres.

 
Queremos  eleições  livres  do  preconceito  de  raça, eleições livres de lesbofobia e homofobia. Livres do domínio do poder econômico.









 
Este ano, e por toda nossa vida, seguiremos na luta feminista, na casa, na escola, no trabalho e na política.  Sempre  buscando  juntar  a  nossa  força  com  a  força  das  companheiras  de  todos  os movimentos  sociais  que  lutam  contra  o  patriarcado  capitalista  e  racista.  Por  autonomia  e liberdade para todas as mulheres.

AMB-Articulação de Mulheres Brasileiras, 8 de março de 2012.














 O Forum Goiano de Mulheres e os parceiros realizaram um Ato Público com falas de várias entidades comprometidas com a Luta das Mulheres de Goiás e do Brasil



A Concentração da Marcha foi na Praça do Bandeirante no Centro de Goiânia, GO e segui subindo a avenida Goiás contornou a Praça Civica , onde encontamos as companheiras e companheiras das Mulheres do MST e seguimos até a Praça Universitária, onde foi realizada o Show Mulheres em Canto.