Culturas negras
Qui, 27/11/2014
Encontro veio para ficar
O Brasil é a maior nação negra do mundo fora do continente africano, com quase 100 milhões de negros e mestiços, e ainda assim mantém desigualdades em razão das raças e etnias. Para discutir as relações étnico-raciais e também comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) abriu na noite de ontem, 26, o Encontro de Culturas Negras - Povos do Cerrado. O encontro está sendo realizado na cidade de Uruaçu, com programação até o próximo sábado, 29.
Maria Luzinete Martins Mourão e Vera Lucia dos Santos Lima, representantes do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado na Abertura do Evento em Uruaçu-GO
Na solenidade oficial de abertura, o reitor do IFG, professor Jerônimo Rodrigues da Silva, disse que, ao promover o Encontro de Culturas Negras, a instituição reafirmava seu compromisso, já expresso no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), de promover uma política de promoção da igualdade racial.
“O IFG manterá programas de reservas de vagas, projetos de permanência de alunos, com concessão de bolsas, e projetos de ensino, pesquisa e extensão que contemplem a igualdade racial”, enfatizou
O pró-reitor de Extensão do IFG, professor Sandro Di Lima, anunciou a continuidade do Encontro de Culturas Negras. “Um encontro, por si só, não é capaz de promover a igualdade e nem mesmo de garantir a sua continuidade, mas estamos falando da construção da nossa identidade. Por isso, pedimos a permissão dos quilombolas, a sua benção, e dizemos que viemos para ficar.”
Domingas é só alegria na festa do reconhecimento das nossas danças ancestrais.
Nayara da Conceição Jovem Dandara no Cerrado mostrando sua participação no Encontro das Culturas -Povos do Cerrado.
O show das cantoras foi a segunda atração cultural da noite de abertura do Encontro de Culturas Negras – Povos do Cerrado.Antes delas, logo após a solenidade oficial de abertura, o grupo do quilombo João Borges Vieira fez uma apresentação de dança de tambor crioula.
Noite cultural celebra a cultura negra
Qui, 27/11/2014
“Não fala
com pobre, não dá mão a preto, não carrega embrulho... Pra que tanta pose,
doutor, pra que tanto orgulho (...) Afinal, todo mundo termina com terra por
cima e na horizontal.” A canção de Billy Blanco, feita para a cantora Dolores
Duran responder, cantando, à discriminação de que era vítima por ser mulata,
ainda permanece atual e fez parte do repertório do show Pá Virada,
apresentado na noite de ontem, 26, pelas cantoras Cláudia Vieira e Cristiane
Perné, na abertura do Encontro de Culturas Negras – Povos do Cerrado.
As cantoras e a
banda fizeram uma noite negra, animada ao ritmo de samba, MPB, rock e blues.
Deram uma demonstração de como os negros influenciaram e influenciam a música
brasileira, inglesa e estadunidense. O público presente respondeu cantando e
dançando.
Cláudia Vieira e Cristiane Perné, durante o show, falaram da satisfação de estarem participando de um evento de discussão das questões étnico-raciais e de celebração da cultura negra. Ambas disseram estar felizes e emocionadas e agradeceram ao IFG pelo convite.
A abertura do evento foi realizada no
Câmpus Uruaçu do IFG e contou com a participação de autoridades municipais, dos
pró-reitores do IFG e do diretor-executivo, professor Paulo Henrique de Souza,
dos dirigentes de câmpus do IFG e representantes do IFGoiano, da Universidade
Federal de Goiás e do Memorial Serra da Mesa.
O diretor-geral do Câmpus Uruaçu, professor Leonne Borges Evangelista, elogiou a instituição de políticas afirmativas de promoção da igualdade racial no país, dizendo que não se trata de favor. O desenvolvimento industrial do Brasil deu-se a partir da acumulação de capital gerada pela mão-de-obra escrava, afirmou.
Mesa das autoridades
Os 15 Câmpus do IFG se fez presente na abertura do evento.
Professor Julio Vann, Ator, Cineasta (IFG/Dandara no Cerrado) e a professora Lidia (IFG), Vera Lucia dos Santos Lima - Conselho Diretor da Dandara no Cerrado.
Participantes atentos aos acontecimentos do evento de abertura o qual foi muito lindo e comprometedor todo o evento.
Resistência
Na Fala de saudação a coordenadora do Memorial de Serra da Mesa, Sinvaline Pinheiro, lembrou a importância do evento para Uruaçu e também reviveu sua trajetória em prol do Memorial.
Mulheres que a caminhada fala por elas.
Olhar firme e sincero!!!
Mulher Negra de fala firme!!!
Segura do que esta falando!!!!!!
Os textos tem referências na Páginas do Site do IFG e autoria de Marta Cezaria
Olhar firme e sincero!!!
A professora Janira Sodré de Miranda, da Comissão Provisória de Promoção da Igualdade Racial do IFG, lembrou que o trabalho institucional em favor da igualdade racial começou de forma simples, com atuação na sala de aula de professores comprometidos com a causa. “Este encontro é, portanto, culminância de um caminho já percorrido, mas também o início de um porvir, porque o IFG tem um grande papel a cumprir na construção de uma nação de iguais”, afirmou.
Janira lembrou os avanços ocorridos no Brasil nos últimos anos, principalmente no campo legal, com a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Lembrou ainda que o Dia da Consciência Negra homenageia Zumbi dos Palmares e Dandara, símbolos da resistência negra e da luta pela liberdade
Mulher Negra de fala firme!!!
Segura do que esta falando!!!!!!
Sua fala tem autoridade!!!Pois fala das experiências vivenciadas na caminhada. Fala em nome de uma instituição que esta abrindo os olhares para abraçar a Nova Lei sobre as Ações Afirmativas nas instituições de Ensino Superior.
Também discursaram na solenidade de abertura do Encontro de Culturas Negras a prefeita de Uruaçu, Solange Abadia Bertolino, e a coordenadora do Memorial de Serra da Mesa, Sinvaline Pinheiro. Ambas ressaltaram a importância do evento. “É uma oportunidade de crescimento para todos”, frisou a prefeita.
Os textos tem referências na Páginas do Site do IFG e autoria de Marta Cezaria
Diretoria de
Comunicação Social/ Reitoria.
Apresentação de Dança do Grupo de Crianças de Barro Alto-GO
Além do show de Ellen
Oléria, na sexta-feira o Câmpus Uruaçu contou com uma apresentação bastante
especial da Banda de Percussão Batuqueira, que é formada por crianças,
adolescentes e adultos. O grupo cantou várias músicas e encantou o público com
uma apresentação singular, que envolveu, além de um som muito harmonioso e
potente, parte do simbólico que envolve a cultura negra.
O maior problema brasileiro não é a pobreza; é o racismo, porque a
pobreza é majoritariamente dos negros”. Com esta afirmação categórica, a
professora do Instituto Federal de Goiás (IFG), Janira Sodré Miranda
surpreendeu os participantes do 2º Seminário de Educação para as Relações
Étnico-raciais, aberto na manhã de hoje, 27, no Memorial Serra da Mesa, em
Uruaçu. O seminário faz parte da programação do Encontro de
Culturas Negra – Povos do Cerrado, promovido pelo IFG, e se prolonga até
sábado.
Janira e a professora
da Universidade Federal de Goiás (UFG), Anna Benite, foram as expositoras da
mesa-redonda que discutiu a educação para as relações étnico-raciais e o papel
da ciência na legitimação do racismo. O debate foi mediado pelo professor
Neilson Silva Mendes.
Em sua exposição,
Janira – que é da Comissão Provisória de Promoção da Igualdade Racial do IFG –
apresentou dados que comprovam a desigualdade social no Brasil em razão da raça
e/ou etnia. “Somente 10% da população pobre são brancos”, afirmou.
Anna Benite – do Coletivo Negro do Instituto de Química da UFG e também poetiza– afirmou que a ciência, na história da construção do saber, ajudou a legitimar a invenção do racismo. Segundo ela, na classificação dos seres vivos, feitas no século 18, o branco europeu foi classificado como o ser humano “ativo, inteligente e engenhoso”. “Isso não está em uso, mas ajudou a criar imaginários sociais que perseguimos até hoje”, disse.
Avanços
Além de identificar o
racismo presente, inclusive na produção do saber, a mesa-redonda apontou
caminhos para a construção da democracia racial: radicalizar a democracia, descolonizar a ciência, promover uma educação antirracista, estabelecer
projetos contra-hegemônicos e tratar das relações étnico-raciais nas
instituições às quais pertencemos.
Janira enfatizou que
é preciso radicalizar a democracia, dando, de fato, direitos iguais a todos os
cidadãos. “Em muitos casos, médicos dão apenas 50% da dose necessária de
anestesia para as mulheres negras na hora do parto e se alguém disser que eles
são racistas, vão dizer que a babá da casa deles é negra e que é como se fosse
da família”, denunciou.
Ela lembrou que o
fato de estudar para as crianças negras jé é uma ação contra-hegemônica. A
educação tem um papel fundamental e nós temos de produzir uma educação
transgressora, que venha superar a educação fossilizada nas questões
étnico-raciais”, provocou.
Janira também lembrou
os avanços ocorridos na última década no Brasil, com a institucionalização da
Política de Igualdade Racial, a criação da Secretaria de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial (Seppir), a promulgação do Estatuto da Igualdade Racial e a
obrigatoriedade do ensino da história da África e cultura afro-brasileira nas
escolas.
As exposições das
professoras foram intercaladas com apresentações de catira, do Grupo Folclórico
Serra da Mesa. O 2º Seminário de Educação para as Relações Étnico-raciais
prossegue amanhã, com a mesa-redonda que vai discutir a educação indígena e o
ensino de história e culturas indígenas, a partir das 8h30, no Memorial Serra
da Mesa. No sábado, haverá comunicações científicas, também a partir das 8h30,
mas no Câmpus Uruaçu do IFG.
Referência: Diretoria de
Comunicação Social/ Reitoria.
Além de chamar atenção para
o amor e para o respeito, a artista ressaltou a necessidade de cultivar e
preservar a memória, a consciência e a nossa identidade. “Mémoria, consciência,
respeito à identidade, ao indivíduo e muito amor são sempre necessários”, ressaltou
a cantora durante o show. E o público presente, embalado pela boa música
produzida pela banda e pela voz forte e contagiante da cantora, se deixou levar
pela postura crítica da artista e, principalmente, pela melodia e pelas letras
das músicas.
O Encontro de Culturas Negras –
Povos do Cerrado tem sido marcado por ótimos momentos de reflexão e
contato com a cultura e a arte. E nesta noite de sexta-feira, o encontro abriu espaço para uma apresentação que
mexeu com o público que prestigia o evento: a cantora Ellen Oléria, ganhadora
do reality show The Voice Brasil (em
2012), subiu ao palco e encantou todas as pessoas presentes no Parque das
Araras, em Uruaçu.
Muito simpática, Elen
Oléria disse que era maravilhoso poder estar, pela primeira vez, na cidade em
que sua mãe nasceu. Feliz também por ser partícipe de um encontro em que a
cultura negra é o foco, a cantora deu um presente a todas as pessoas que
estavam no Parque das Araras. Em uma apresentação memorável que agitou o
público que prestigia o Encontro de Culturas Negras, promovido pelo Instituto
Federal de Goiás (IFG), a artista encantou com a sua voz e chamou a atenção
para a necessidade de as pessoas se amarem e se respeitarem mais.
Arte, cultura e conhecimento no Encontro de
Culturas Negras
O último dia do Encontro de Culturas Negras – Povos do Cerrado, promovido pelo Instituto Federal de Goiás (IFG), foi marcado por discussões sobre arte, educação, cultura, sociedade e outros temas, além de várias apresentações artísticas. O evento terminou com o show de Leci Brandão, cantora e compositora brasileira que é, sem dúvida, umas das mais importantes intérpretes de samba do Brasil.
Durante o período da
manhã, o Encontro abriu espaço para
muitas discussões que problematizaram a questão do negro em vários âmbitos da
sociedade. Foram realizadas comunicações coordenadas, relatos de experiência e
apresentação de pôsteres, que levaram a discussões bastante importantes sobre as
temáticas apresentadas.
É preciso questionar
Artistas marginais,
violência contra os negros, dança negra, o ideal abolicionista e as mulheres,
ambiente acadêmico, a presença da literatura negra na universidade e nas
escolas e outros temas foram apresentados e, posteriormente, discutidos por
vários pesquisadores que apresentaram os seus trabalhos no Câmpus Uruaçu. E um
posicionamento presente em boa parte das falas diz respeito ao fato de que há
uma grande necessidade de questionar e problematizar o eurocentrismo presente
em várias áreas do conhecimento e os valores paradigmáticos que dele derivam.