A Campana vai
trazer 01 a 25 de julho de 2019, a memória histórica escrita por várias mãos de
25 mulheres que se destacaram nas questões raciais e na luta pela igualdade de
direitos. A cada dia o Núcleo de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil
irá soltar um Post com uma dessas 25 mulheres mais votadas no Núcleo. Pois
somos muitas espalhadas na América Latina. Aqui estão algumas referências, mas
você pode buscar mais a partir do nome destas companheiras.
Clementina de Jesus
Origem: Wikipédia,
a enciclopédia livre.
Clementina de Jesus
OMC |
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Clementina de Jesus durante o Festival de Verão doGuarujá de 1981.
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Informação geral
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Nome completo
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Clementina de Jesus
da Silva
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Também conhecido(a)
como
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Rainha do
Partido-Alto
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Nascimento
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Origem
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País
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Morte
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19 de julho de 1987 (86 anos)
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Período em
atividade
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Afiliação(ões)
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Prémios
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Ordem do Mérito
Cultural (2016)
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Clementina
de Jesus da Silva OMC (Valença, 7 de fevereiro de 1901 — Rio de
Janeiro, 19 de julho de 1987)
foi uma cantora brasileira de samba.
Também era conhecida como Tina ou Quelé.
Biografia
Nascida
na comunidade do Carambita, bairro da periferia de Valença e
tradicional reduto de jongueiros no sul do Rio de
Janeiro,[1] Clementina era filha da
parteira Amélia de Jesus dos Santos e do capoeira e violeiro Paulo Batista dos
Santos. Mudou-se com a família para a capital aos
oito anos de idade,[2] radicando-se no bairro de Osvaldo Cruz, tendo estudado em regime
semi-interno o Orfanato Santo Antonio onde desenvolveu crença católica.
Criança, aprendeu com sua mãe rezas em jejê nagô e cantos em dialeto
provavelmente iorubano. Destas influências resultam um misticismo sincrético e
uma musicalidade marcada pelo samba e cantos tradicionais de escravizados do
meio rural.[3]
Lá
acompanhou de perto o surgimento e desenvolvimento da escola de samba Portela, frequentando desde cedo as rodas de
samba da região. Em 1940 casou-se e mudou
para a Mangueira. Trabalhou como doméstica por mais
de 20 anos, até ser "descoberta" pelo compositor Hermínio Bello
de Carvalho em 1963, que a levou para
participar do show "Rosa de Ouro", que rodou algumas das
capitais mais importantes do Brasil e virou disco
pela Odeon, incluindo, entre outros, o jongo "Benguelê".
Devota da Igreja
de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, participava de festas das
igrejas da Penha e de São Jorge, cantando canções de romaria. Considerada rainha do partido alto, com seu timbre de voz inconfundível,
foi homenageada por Elton Medeiros com
o partido "Clementina, Cadê Você?" e foi cantada por Clara Nunes com
o "P.C.J, Partido Clementina de Jesus", em 1977, de autoria do
compositor da Portela Candeia.
Clementina de Jesus e Nelson do Cavaquinho,
1972. Arquivo Nacional.
Além
deste gênero gravou corimás,
jongos, cantos de trabalho etc., recuperando a memória da conexão
afro-brasileira. Em 1968, com a produção de
Hermínio Bello de Carvalho, registrou o histórico LP "Gente
da Antiga" ao lado de Pixinguinha e João da Baiana. Gravou cinco discos solo (dois
com o título "Clementina de Jesus", "Clementina, Cadê
Você?" e "Marinheiro Só") e fez diversas participações, como nos
discos "Rosa de Ouro", "Cantos de Escravos", Clementina e
convidados e "Milagre dos Peixes", de Milton Nascimento, em que interpretou a faixa
"Escravos de Jó". Em 1983 foi homenageada por
um espetáculo no Teatro Municipal do
Rio de Janeiro, com a participação de Paulinho da Viola, João Nogueira, Elizeth Cardoso e outros nomes do samba.
Rainha Ginga. Quelé. Duas maneiras de chamar
Clementina de Jesus, com a imponência do título de realeza e com a corruptela
carinhosa de seu nome. Clementina evocava tais sentimentos aparentemente
contraditórios. A ternura e o
profundo respeito.
A
ternura de negra velha sorridente. Todos com quem se envolvia tinham a
compulsão de chamá-la Mãe, como a chamavam os
músicos do musical Rosa de Ouro. Uma pessoa capaz de interromper um depoimento
dado à televisão para
discutir sobre o café com a moça que o servia. Um brilho especial nos olhos que
cativou desde os mais humildes ao imperador Haile Selassiê. Talvez por ter trabalhado
tantos anos como empregada doméstica e ter começado a carreira artística aos 63 anos,
descoberta pelo poeta Hermínio Bello de Carvalho, nunca tratava de forma
diferente devido à posição social.
O
respeito ao peso ancestral de sua
voz: uma África que estava diluída em nossa
cultura é evocada subitamente na voz e nos cânticos que Clementina aprendeu com sua
mãe, filha de escravos. Clementina
surgiu como o elo perdido entre a moderna cultura negra brasileira
e a África Mãe.
Entrevista de Clementina de Jesus à TVE,
1976. Arquivo Nacional.
Clementina
causou uma fascinação em boa parte da MPB.
Artistas tão diferentes como João Bosco,
Milton Nascimento e Alceu Valença fizeram questão de
registrar sua voz em seus álbuns. Apesar disso Clementina nunca foi um grande
sucesso em vendagem de discos. Talvez por ter gravado quase que somente
temas folclóricos, ou por
sua voz não obedecer aos padrões estéticos tradicionais. O que realmente
impressionava eram suas aparições no palco,
onde tinha um contato direto com seu público.
Clementina,
mesmo tendo iniciado tardiamente sua vida artística e com uma curta carreira, é
sem dúvida uma das mais importantes artistas brasileiras. Faleceu em função
de um derrame[2] na Vila Santo André - Inhaúma -
Rio de Janeiro, em 19 de julho de 1987 e apesar disso, hoje em dia apenas o
disco Clementina e Convidados existe em catálogo.
Em
1982 foi enredo da Lins Imperial, agremiação que na época desfilava no Grupo 1B
(Segunda divisão) do Carnaval do Rio de Janeiro.
Em
1983 foi homenageada por um espetáculo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro,
com a participação de Paulinho da Viola, João Nogueira, Elizeth Cardoso e
outros nomes do Samba. No mesmo ano de 1983, foi uma das homenageadas no enredo
"A GRANDE CONSTELAÇÃO DAS ESTRELAS NEGRAS", na Beija Flor de Nilópolis
no carnaval do grupo 1A (Grupo Especial) no carnaval do Rio de Janeiro. Enredo
esse desenvolvido por Joãozinho Trinta sendo campeã com a escola.
Discografia
Discos-solo
·
1966 - Clementina
de Jesus (Odeon MOFB 3463)
·
1970 - Clementina,
cadê você? (MIS 013)
·
1973 - Marinheiro
Só (Odeon SMOFB 3087)
·
1976 - Clementina
de Jesus - convidado especial: Carlos Cachaça (EMI-Odeon SMOFB 3899)
·
1979 - Clementina
e convidados (EMI-Odeon 064 422846)
Participações
·
1965 - Rosa
de Ouro - Clementina de Jesus, Araci Cortes e Conjunto Rosa de Ouro (Odeon
MOFB 3430)
·
1967 - Rosa
de Ouro nº 2 - Clementina de Jesus, Araci Cortes e Conjunto Rosa de Ouro (Odeon
MOFB 3494)
·
1968 - Gente
da Antiga - Pixinguinha, Clementina
de Jesus e João da Baiana (Odeon
MOFB 3527)
·
1968 - Mudando
de Conversa - Cyro Monteiro, Nora Ney, Clementina de Jesus e Conjunto Rosa
de Ouro (Odeon MOFB 3534)
·
1968 - Fala Mangueira!
- Carlos Cachaça, Cartola,
Clementina de Jesus, Nélson Cavaquinho e Odete Amaral (Odeon MOFB 3568)
·
1982 - O
Canto dos Escravos - Clementina de Jesus, Tia Doca e Geraldo Filme - Canto dos
Escravos (Vissungos) da Região de Diamantina - MG. Memória Eldorado.
Coletâneas
·
1999 - Raízes
do Samba - Clementina de Jesus (EMI 522659-2)
Na cultura
Heron
Coelho organizou a biografia Rainha Quelé - Clementina de Jesus.
O
espetáculo musical Clementina, Cadê Você? em homenagem a
Clementina de Jesus estreou no Rio de Janeiro em 2013, no teatro Laura Alvim. O
espetáculo teve duas indicações a prêmio pela revista eletrônica Questão de
Crítica: Melhor Atriz (Ana Carbatti) e
Iluminação (Renato Machado). O espetáculo estava na lista dos 10 melhores
espetáculos de 2013 organizada pelo critico Daniel Schenker.
Em
2018, foi lançado o documentário Clementina pela Dona Rosa Filmes na Mostra
Internacional de Cinema de São Paulo.[4]
Referências
1.
↑ http://www.valenca.org/casaleapentagna/historia/de_valenca/index.html Em
falta ou vazio |título= (ajuda)
2.
↑ Ir para:a b Estadão.com.br (6 de
fevereiro de 2002). «Clementina de Jesus ganha biografia».
Consultado em 27 de agosto de 2010
3.
↑ http://www.ef5.com.br,
F5 - Web Design e Tecnologia Atualizada -. «Clementina de Jesus». www.museuafrobrasil.org.br.
Consultado em 10 de março de 2018
4.
↑ 42ª. «Clementina». Mostra
de Cinema. Consultado em 20 de outubro de 2018
Ligações externas
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uma categoriacontendo imagens e outros ficheiros sobre Clementina de Jesus
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