quarta-feira, 11 de maio de 2011

BENDITAS MULHERES! BENDITAS MÃES DE MAIO!

Repassando artigo de companheira feminista. A luta pelos Direitos Humanos é uma necessidade cada dia maior. Não nos calemos!
Lindas mulheres, mães e lutadoras!
 
Carta O Berro..........................................................repassem


 
Querido Vanderley,

Tomo a liberdade de enviar meu artigo Benditas Mães de Maio, publicado hoje no site do Zé Dirceu.
Amanhã, dia 12, no Sindicato dos Jornalistas
(rua Rego Freitas, 530-sbl), às 14 horas, tem o lançamento do livro Do Luto à Luta, organizado pelas mães, com entrevista coletiva e caminhada até a praça da Sé depois, para um ato ecumênico. Uma das Madres de la Plaza de Mayo da Argentina virá para acompanhar a atividade, em solidariedade.

O auditório Vladimir Herzog, do Sindicato dos Jornalistas, historicamente usado como centro para as atividades nas áreas de Direitos Humanos, continua à disposição dos companheiros para o que for preciso.  Por favor, divulgue.

Um beijo.
Rose.

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BENDITAS MULHERES!  BENDITAS MÃES DE MAIO!
                                                      Rose Nogueira
Faz cinco anos e tudo ainda é inacreditável. Em uma semana que começou com o Dia das Mães, 493 pessoas, comprovadamente,  foram assassinadas por arma de fogo em São Paulo – uma grande parte delas com os sinais clássicos de execução. Tiros de cima para baixo, nas costas, na nuca, na testa, no peito. Atiraram para matar.
Diante desse número escabroso, só aquelas pessoas muito especiais teriam a força de transformar sua dor em coragem santa: as mães que perderam seus filhos. Tanto que no dia 12, sexta-feira, o grupo Mães de Maio lança o livro Do Luto à Luta no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Depois farão uma caminhada até a praça da Sé para um culto ecumênico pela memória de todas as vítimas do episódio sem precedentes que já ficou conhecido como Crimes de Maio. Uma das madres da Praça de Mayo de Buenos Aires virá para acompanhá-las, mostrando que a dor é a mesma.
Do total de mortos, 352 eram jovens, de 11 a 29 anos, homens na quase totalidade. Mulheres foram 18, uma delas grávida de nove meses, prestes a dar à luz. A menina, ainda na barriga da mãe, também foi baleada. Um tiro pegou no seu joelhinho. E ela, mesmo dentro do aconchego do ventre da mãe, levou a mãozinha ao joelho, como se sentisse a dor no local. No laudo oficial, a menina morreu por “insuficiência materna”, e não pelos tiros. A mãe não pôde lhe garantir a vida porque morreu na hora, baleada também na cabeça. A menina já tinha nome. Seria Bianca, filha de Ana Paula, que era filha de Vera. E seu pai, que seguia pela calçada ao lado da mãe, também recebeu a carga de balas do mesmo assassino – ou assassinos.
Esse é um dos quase 500 casos daquela semana de cinco anos atrás, e sozinho já seria um escândalo por ultrapassar a barreira do desumano. Aconteceu em São Vicente, na Baixada Santista, onde também morreu Edson Rogério, filho de Débora, que teve o contra-cheque do salário que carregava no bolso manchado de sangue do tiro no peito. Ele abastecia sua moto num posto de gasolina quando os homens vestidos de preto, com máscaras ninja, chegaram e deram cabo de toda vida que houvesse por perto.  
A morte por bala de calibre grosso em maio de 2006 encobriu a vida nas periferias e nos bairros mais pobres da capital, mas também de algumas cidades médias e grandes de São Paulo. Citamos dois casos horríveis da Baixada Santista porque lá fatos parecidos voltaram a acontecer no ano passado e agora nos últimos dias.
De comum, e chamou atenção, todos os lugares em que ocorreram os crimes eram pobres e todas as pessoas que morreram eram pobres, a maioria lutando pela sobrevivência. Os agentes do Estado  assassinados eram soldados, investigadores de delegacias de bairro, guardas municipais, carcereiros e um bombeiro, servidores que também lutavam para viver. Segundo a polícia, foram 41. Os “outros”, os simples cidadãos que foram mortos apenas pelo fato de cruzarem com assassinos, são mais de 450.  Impossível não lembrar que todos, os quase 500, um dia pesaram três quilos, foram abraçados ao nascer e mamaram numa mulher. Todos tinham os direitos garantidos, simplesmente porque um dia foram crianças que fizeram graça, meninos que foram à escola, adolescentes que se apaixonaram, homens e mulheres que talvez sonhassem – e tinham o direito de continuar vivos.  Eram seres humanos.
Matou-se em São Paulo naquela semana de 2006  mais do que se mata nas guerras. Na noite de 15 de maio o toque de recolher foi uma realidade. Nunca uma notícia se espalhou tão depressa: “quem estiver na rua à noite corre perigo de vida”, informava o boca-a-boca.  Escolas suspenderam as aulas, lojas, oficinas e fábricas dispensaram seus  funcionários e São Paulo teve o maior congestionamento do ano às quatro da tarde, um dos poucos horários calmos no trânsito caótico da cidade.  No dia seguinte a conta foi alta: a madrugada teve 117 mortos. Quem era o mocinho, quem era o bandido? Que guerra foi essa onde o que restava de humanidade se perdia no medo? A cada dia, as manchetes dos jornais informavam com a naturalidade de quem já se acostumava à barbárie: “Polícia mata mais 90 suspeitos”...  como se matar suspeitos fosse normal e permitido.
A perplexidade ainda permanece. A única palavra possível para tal perda de controle do Estado é justiça. Que seja federal, porque não podemos acreditar como de bom senso o “arquive-se”, que tem se repetido. O caminho racional é a federalização dos crimes de tortura, execução sumária e desaparecimento forçado, que continuam a acontecer em grandes proporções. É o caso da Baixada Santista.
No ano passado, em apenas alguns dias do mês de abril, quando também houve o “toque de recolher”, 26 pessoas foram executadas em Santos, Guarujá, São Vicente, Cubatão e Praia Grande. A matança só parou quando uma autoridade diplomática dos Estados Unidos aconselhou aos cidadãos de seu país que não fizessem turismo por lá, pois nada poderia garantir suas vidas. Quase vinte policiais militares foram presos, suspeitos de participação em grupos de execução, mas foram soltos em seguida. Não sabemos como andam os inquéritos.
Neste ano, novamente em abril, motos com homens vestidos de preto e máscara ninja passam atirando, ferindo e matando. Em Santos, na semana passada, a câmera de segurança de um prédio flagrou uma execução, com o motorista de um carro chamando dois homens de meia-idade, como se pedisse uma informação. Ao se dirigir ao motorista os dois foram baleados no meio da rua. Um morreu na hora, o outro ficou gravemente ferido. As imagens foram parar no noticiário das TVs pela manhã.
O que isso representa, além da perversidade? Continuamos indignados. É que somos da espécie humana e diante da impunidade que gera impunidade só podemos ter uma certeza: ficamos muito menores diante de cada tragédia dessas. Quem nos dá um pouco de grandeza ainda são as Mães de Maio. Benditas mulheres! Benditas mães!
Rose Nogueira é jornalista e
Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo
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Car@s Colegas:

No dia 12 de Maio de 2006, há exatos 5 Anos, a vida de muitas de nós começava a mudar radicalmente: tivemos nossos filhos tirados do nosso convívio familiar violentamente por agentes do Estado Brasileiro e por Grupos de Extermínio ligados a ele durante os terríveis Crimes de Maio. O nosso movimento, de Mães, Familiares e Amig@s de vítimas do Estado, surgiria infelizmente a partir deste trágico episódio.

Ao completar 5 anos, é óbvio que não poderíamos deixar de lembrar nossos tão queridos filhos e filhas. Eles têm estado e seguirão Presentes conosco! Ontem, Hoje e Sempre!

Por ocasião do Aniversário dos 5 Anos dos Crimes de Maio, e da união com tantas outras lutas e movimentos contra o mesmo Genocídio, nós estamos vindo aqui convidar vocês para uma série de importantes atividades. Uma semana inteira repleta de Homenagens, Protestos, Lançamento de Livros, Exibição de Vídeo, Lutas e Poesias! 

Caso se interessem, vocês podem conferir a PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO BLOG: http://www.maesdemaio.blogspot.com/

Agora, faremos uma ATIVIDADE ESPECIAL NA QUINTA-FEIRA (12/05), QUANDO SE COMPLETAM EXATOS 5 ANOS. 

Neste dia LANÇAREMOS O LIVRO "MÃES DE MAIO - DO LUTO À LUTA", que estamos compartilhando com exclusividade para vocês, com antecedência, para que possam ler e conhecer o material antes das atividades do dia 12/05.

O LIVRO PODE SER BAIXADO POR VOCÊS NESTE LINK (EXCLUSIVO PARA IMPRENSA)http://www.sendspace.com/file/4b0whc 

Organizado pelas Mães de Maio e lançado por ocasião dos 5 Anos dos Crimes de Maio, o livro reúne textos de Mães e Familiares: Débora Maria (Mãe de Edson Rogério), Ednalva Santos (Mãe de Marcos), Vera de Freitas (Mãe de Mateus), Francisco Gomes (Pai de Paulo), Francilene Gomes (Irmã de Paulo), Ângela Moraes (Mãe de Murilo), Rita de Cássia (Mãe de Rogério) e Flávia Gonzaga (Mãe de Marcos Paulo). Reúne também Poesias de Escritores Periféricos: Sérgio Vaz (Cooperifa), Michel Yakini (Elo da Corrente), Sarau da Brasa, Marcelino Freire, Rodrigo Ciríaco (Cooperifa e Mesquiteiros), Poeta Dinha, Hélber Ladislau (Cooperifa), Rapper GOG (DF), Jairo Periafricania (Cooperifa) e Armando Santos (São Vicente-SP). E  reúne também Análises de Outros Parceiros: Rede Contra a Violência (RJ), Alípio Freire, Danilo Dara, Jan Rocha, Lio Nzumbi (Reaja-BA), Luiz Inácio (Fejunes-ES), Sérgio Sérvulo e Tatiana Merlino. As Ilustrações ficaram por conta do artista-parceiro Carlos Latuff (RJ), e o Projeto Gráfico sob assinatura da companheira-designer Silvana Martins (Sarau da Ademar). O livro foi apoiado e só poderia ter sido realizado com o importante apoio das compas-jornalistas Ali Rocha, Maria Frô e Rose Nogueira, além do apoio fundamental do Fundo Brasil de Direitos Humanos.

No dia 12/05, faremos o Lançamento do Livro com uma COLETIVA DE IMPRENSA (NO SINDICATO DOS JORNALISTAS DE SÃO PAULO, a partir das 14hs), SEGUIDA DE UMA PEQUENA CAMINHADA E HOMENAGEM ECUMÊNICA A@S MORT@S DE MAIO DE 2006, NAS ESCADARIAS DA CATEDRAL DA PRAÇA DA SÉ (às 18hs).

Estão confirmadas as presenças, além de nós Mães de Maio, de Mães do RJ e do ES, de uma Abuela da Plaza de Mayo (Argentina), do Pe. Valdir da Pastoral Carcerária, de Juninho do Comitê Contra o Extermínio da Juventude Negra, além de diversas autoridades, parlamentares (como Dep. Fed. José Cândido, Dep. Fed. Ivan Valente, Dep. Fed. Paulo Teixeira etc).

MAIS INFORMAÇÕES: 13-8124-9643 ou 11-8708-7962

Aguardamos vocês nas atividades de toda a semana, especialmente nos dias 12 e 13!

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